Caixa vai avaliar se cliente pode pagar água e luz para dar crédito no Minha Casa

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Brasil | 22/04/2019 | 09:23

Informações: Folha de S. Paulo
Foto: Reprodução/Internet

Já sob a influência de seu novo presidente, Pedro Guimarães, a Caixa Econômica Federal registrou em seu balanço perdas de R$ 2,8 bilhões com inadimplência do programa Minha Casa Minha Vida no último trimestre do ano passado.

Segundo ele, o banco tem hoje 70 mil imóveis devolvidos e outros 80 mil com obras suspensas. Operador dos recursos do programa social do governo, Guimarães diz que a avaliação de risco de inadimplência dos tomadores desse crédito não estava considerando os gastos dos moradores com taxas de condomínio e outras contas relacionadas ao imóvel, como água e luz. “As pessoas que tomaram esse empréstimo tinham condição de pagar? Isso não estava colocado corretamente no risco de crédito”, diz ele, cuja intenção é levar bons pagadores para faixas do Minha Casa Minha Vida mais atrativas de operação para a Caixa.

Em quatro meses, o executivo lançou um cartão de crédito consignado, que deverá atender inicialmente funcionários públicos e aposentados. A meta é chegar a 20 milhões de usuários. De perfil arrojado, forjado na iniciativa privada, e muito alinhado com o ideário do ministro Paulo Guedes (Economia), Guimarães prepara uma agressiva venda de ativos da Caixa. Ao mesmo tempo, defende o papel do banco como financiador de investimentos públicos e políticas de governo. No entanto, está mudando a relação com prefeitos e governadores. Em vez de recebê-los em Brasília, Guimarães tem ido até os clientes, com propostas de negócios que tragam resultado para a Caixa. “Somos um banco social e temos de ganhar dinheiro com isso.”

Vai faltar dinheiro para o programa?

"Na faixa 1, os recursos e o risco são do Tesouro via Orçamento. A Caixa é basicamente o gestor. Quem decide se vai ter dinheiro é o Ministério da Economia, e a operação é definida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. A faixa 1,5 é quase como a 1, mas o risco é todo da Caixa. O subsídio do governo é menor para um imóvel praticamente igual ao da faixa 1 [o restante é financiado pela Caixa]. As pessoas que tomaram esse empréstimo tinham condição de pagar? Isso não estava colocado corretamente no risco de crédito."

O programa vai encolher?

"Não posso emprestar sabendo que não vou receber. A ideia é levar o bom pagador da faixa 1,5 a mudar para a 2. Os imóveis têm valores parecidos [para a Caixa, a parcela do financiamento sobe]. Além disso, só vamos retomar imóveis [por inadimplência] depois de seis meses. Antes, com 59 dias, o banco já tomava, e esse custo é alto."