Informações: Diário do Iguaçu
Foto: Chapecoense
A palavra “esporte” induz a saúde e alegria, mas também remete a tristezas. O dia 29 de novembro é uma data marcante na história do futebol, mas por um acontecimento trágico. Nesta sexta-feira, o desastre aéreo da Chapecoense na Colômbia completa três anos. Antes da queda do avião da LaMia, o clube do Oeste catarinense se preparava para a final da Copa Sul-Americana e, agora, amarga o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro.
O descenso causa sérios problemas financeiros ao Verdão. O orçamento em 2020 cairá consideravelmente, a partir da redução nos valores dos direitos de transmissão. A presença na Série A deste ano rendeu R$ 34 milhões para a Chape. A cifra seria de no mínimo R$ 45 milhões se permanecesse na elite, devido ao novo critério de distribuição, que leva em conta a classificação final do campeonato e não premia os rebaixados. Na B, projeta-se cota de R$ 7 milhões.
Pendências
Se não bastasse a diminuição da receita, a agremiação verde-branca terá de fazer uma engenharia para honrar os compromissos de 2019. A diretoria deu o “passo maior que a perna” neste ano para montar o elenco. Em entrevistas neste semestre, o presidente Paulo Magro – era vice de Administração e Finanças até 31 de outubro, quando assumiu o comando após a renúncia de Maninho De Nes – afirmou que a dívida ao final de 2019 será superior a R$ 20 milhões.
Fatia significativa deste montante se refere a pendências com os jogadores. Já são sete meses de direitos de imagem atrasados, mais o valor em carteira de outubro. Magro disse que quitará parte dos débitos com o dinheiro do novo patrocinador, a criptmoeda USD Soccer. A empresa já fez o pagamento – US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 5,9 milhões) por um ano de contrato –, mas questões burocráticas impedem a utilização do investimento. A expectativa é de liberação para esta sexta.
De novo
Assim como no fim de 2016, hoje a palavra de ordem na Chapecoense é “reconstrução”. O clube perdeu seus principais dirigentes na tragédia, entre eles o presidente Sandro Pallaoro. O Verdão recebeu ajuda financeira de dentro e de fora do País, situação que deu fôlego para se reconstruir. Em 2017, com muitos atletas emprestados, classificou-se à Copa Libertadores da América. Em 2018, sem estes auxílios, manteve-se na Série A apenas na última rodada.
Alterações dentro e fora de campo
Desde a temporada passada, a Chape cometeu o grave erro de gastar acima da arrecadação. O passivo foi aumentando e os resultados em campo não colaboravam. A cobrança da torcida sobre a direção só crescia. Além do presidente Maninho, três vices renunciaram – Cesair Bartolamei (jurídico), Cleimar Spessatto (futebol) e Luiz Antônio Danielli (Marketing e Patrimônio) –, o que forçou uma reformulação no corpo diretivo. As vagas foram preenchidas por Gilson Sbeghen (administrativo e financeiro, no lugar de Magro, que se tornou presidente), Ilan Bortoluzzi Nazário (jurídico), Mano Dal Piva (futebol) e Pablo Dávi (marketing e patrimônio).
Conforme Magro, além dos atrasados, a Chapecoense vai iniciar 2020 com despesas programadas que chegam a R$ 28 milhões. Deste total, cerca de R$ 8 milhões são de acordos trabalhistas firmados com famílias de vítimas do ocorrido em novembro de 2016. Há jogadores com salários altos e mais um ano de contrato, fato que também engorda os compromissos. A ideia é desonerar a folha com a saída de atletas, por meio de rescisões e empréstimos. O Verdão cai para a Série B endividado.
União
Neste novo processo de reconstrução, a cúpula da Chape tenta restabelecer a união nos bastidores. Tanto que dois dos novos vices estavam no bloco de oposição na eleição de dezembro passado – Mano, que foi o candidato derrotado por Maninho, e Sbeghen. A diretoria trabalha em busca de receitas para negociar as dívidas e montar uma equipe competitiva para as disputas de 2020: Catarinense; Série B nacional e Copa do Brasil.