Deputado de SC diz que falta coragem a quem

Política
Florianópolis (SC) | 14/05/2020 | 09:12

Informações e foto: G1SC

Em sessão ordinária virtual da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) realizada na tarde desta quarta-feira (13), o deputado estadual Sargento Lima (PSL) minimizou os cuidados recomendados por autoridades de saúde para evitar a transmissão do novo coronavírus. O estado tem, atualmente, 3,8 mil casos de Covid-19, sendo que 73 resultaram em morte.

“Quem vai construir o futuro de Santa Catarina serão os homens de coragem e não as pessoas que estão se lambuzando de álcool gel, atochando uma máscara no rosto e escondidos embaixo de uma cama feito mocinhas na menarca”, afirmou.

A declaração foi dada durante votação de projeto de lei nº 135/2020, de autoria do parlamentar, que considera o transporte coletivo urbano e intermunicipal como essencial no estado, ainda que em períodos de calamidade, emergência, pandemia ou epidemia.

A proposta, apresentada no dia 22 de abril, teve 30 votos favoráveis, dois contra e uma abstenção, e seguirá agora para sanção ou veto do governador Carlos Moisés (PSL). O transporte coletivo está proibido em Santa Catarina desde 18 de março, após ser decretada situação de emergência para tentar frear o contágio da Covid-19. Ainda não há data para retomada do setor.

Durante a sessão, a deputada Luciane Carminatti (PT), que votou contra o projeto de lei, classificou a declaração de Lima como desrespeitosa e ofensiva. "Não se trata de ser mocinha nem se trata de ter coragem. E não se trata de dizer que quem utiliza álcool gel, que são milhares de pessoas no mundo inteiro, são menos homem ou menos mulher (...). Não gosto desse termo, mocinha, me senti ofendida como mulher", disse.

Ao G1, o deputado estadual disse que não teve intenção de ofender, que a declaração "foi forte" e que, ao usar a expressão "mocinhas na menarca', quis dizer que "é se comportar como alguém que, naturalmente, teria medo". "Uma menina de 13 anos que tem medo de tudo. Foi com essa intenção: de dizer que a gente não pode agir de forma covarde", se explicou.

O parlamentar ainda se contradisse, dizendo concordar com o uso do álcool em gel e de máscaras. "Naquele momento, você está exaurido de explicar que qualquer coisa que se faça daqui pra frente... É óbvio que tem que utilizar o álcool em gel, a máscara, manter o distanciamento (...). Sou totalmente favorável [ao uso], eu ando com minha máscara, com meu gel o tempo todo. Só que não vai ser o álcool em gel e a máscara em si que vai dar o resultado positivo para todas as ações que precisam ser tomadas no estado", disse.

Para ele, é preciso que o estado retome as atividades, em especial o transporte público, porque Santa Catarina teve "diminuição drástica de arrecadação".