Diretor clínico usa espaço no Legislativo e expõe algumas dificuldades do Hospital da Fundação

Geral
São Lourenço do Oeste | 27/10/2015 | 15:43

Autor e foto: Marcelo Coan

Na sessão ordinária desta segunda-feira (26), o diretor clínico do Hospital da Fundação de São Lourenço do Oeste, Emerson Nomura, usou a tribuna popular e fez a exposição de algumas questões relacionadas a entidade hospitalar.

Ele justificou o uso da tribuna popular alegando que hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza o hospital para prestar serviço de média complexidade. “O Governo do Estado contratualizou o hospital para atender 180 AIH [Autorização de Internação Hospitalar] por mês no valor de R$ 84 mil”. Entretanto, Nomura alega que esse valor não é suficiente para manter um corpo clínico de pré-atendimento, de urgência e de emergência.

Como o valor não era suficiente, Nomura explicou que alguns municípios estavam contratando serviço de urgência e emergência pagando um valor “X” por mês. “O valor da AIH cobria o atendimento de obstetrícia, ginecologia, pediatria e clínica médica aos pacientes internados e os serviços de internamento de urgência e emergência, pronto socorro e encaminhamentos”, disse ele alegando que o valor da Autorização de Internação Hospitalar está muito defasado, já que nos últimos anos não houve reajuste por parte do governo federal.

De acordo com o diretor clínico do Hospital da Fundação, até o momento o atendimento via SUS foi viabilizado devido a contratação dos municípios. Por não haver reajustes na tabela SUS, ele coloca que o valor não é atrativo. Alega ainda que desde janeiro esse o montante não é repassado. Como os R$ 84 mil gerados pela contratualização não são suficientes para que o hospital honre com os compromissos financeiros, o diretor clínico disse que está sendo criado um déficit mensal de aproximadamente R$ 20 mil. Ele contou que com a contratualização o governo federal ficou de repassar mensalmente R$ 39 mil, contudo, o mesmo não tem honrado o compromisso.

Por conta disso e do conhecimento de que os convênios relacionados ao hospital passam pelo Legislativo do município, Nomura explicou que procurou expor a situação os vereadores para que todos tenham conhecimento de que se não houver interesse na renovação dos valores o contrato será interrompido e o atendimento aos pacientes do SUS poderá ser inviabilizado.

Encaminhamentos

Conforme o diretor clínico do Hospital da Fundação, no formato atual o hospital é um prestador de serviço, assim como os médicos. Por conta disso, ele falou que existem propostas do governo federal para que os médicos tenham carreira, a exemplo do poder judiciário. “Isso de certa forma iria dar clareza na forma de contratar”. Por outro lado, alega que o governo federal tem desvalorizado o atendimento em caráter de internamento hospitalar ao não conceder os reajustes necessários. “Por isso tem unidades hospitalares fechando”, disse ele ao citar Galvão, São Domingos, Campo Erê e Palma Sola.

Diante dessa situação, Nomura prevê que mais pessoas terão que procurar, por exemplo, o Hospital Regional de Chapecó, de São Miguel do Oeste ou Pato Branco (PR). “Eu não sei até onde que os hospitais privados vão conseguir levar o SUS, já que eles estão acumulando déficit mês a mês”, adianta.