Autor: Angela Maria Curioletti
Foto: Ituano

Ele tem só 24 anos e já coleciona um título de grande expressão: o Paulista 2014. Nas últimas duas semanas o assunto era um só: o confronto entre Santos e Ituano, e a torcida nacional recaiu sobre o time do interior. Poucos sabem, mas um dos guerreiros da partida do último domingo é natural de Bom Sucesso do Sul.

Vagner Antonio Brandalise saiu do sudoeste do Paraná ainda com 13 anos e sua história começou a mudar quando entrou para uma escolinha profissional de Londrina (PR), local por onde passaram Dagoberto (Cruzeiro), Jadson (Corinthians) e tantos outros. A escolinha tinha uma parceria com Atlético-PR, e quando Vagner completou 15 anos de idade o Furacão foi o seu destino. Ele permaneceu no clube por dois anos, atuando na base, chegando a ser goleiro titular em algumas partidas.

O Paulista de Jundiaí veio logo depois e a troca de clube foi inevitável por um “simples” detalhe: Vagner sairia do banco para ser goleiro titular, isso em 2007. Por lá jogou o Campeonato Brasileiro Sub-20 e a Taça São Paulo, esta que, quando acabou, deu a chance ao goleiro de Bom Sucesso do Sul ser promovido ao profissional, ficando em definitivo como terceiro goleiro.

Ele ainda passou pelo Vila Nova e Criciúma até aparecer o Ituano. “Fiquei oito meses sem jogar devido à questão contratual”, explica o goleiro, que em menos de dois anos no clube já levantou a taça do Estadual.

No Ituano

Depois dos oito meses resolvendo a parte burocrática de seu contrato, Vagner já estava fora de forma, sem ritmo de jogo, tanto que o clube chegou a contratar outro goleiro. Já recuperado de sua forma física, conseguiu atuar em quatro partidas do Paulista 2013 e por toda a Copa Paulista, que começou em junho de 2013.

Juninho Paulista

“O Ituano está muito bem servido de diretoria e comissão técnica”, fala confiante o goleiro. Ele explica que Juninho – ex-atleta e agora gestor do Ituano - é uma pessoa humilde, que acompanha os treinamentos do time e conversa muito com os jogadores, contando e trocando experiências, tudo para motivar o time. Sobre o técnico Doriva, “um grande jogador, sempre passando motivação e dizendo que o time tinha condições de ganhar. A palavra de dois caras que ganharam muita coisa por onde passaram com certeza serviu de grande incentivo para todos”, exalta Vagner.

Final do Paulista

Ele diz que todos fizeram uma campanha boa desde os primeiros jogos, e o segredo do sucesso foi a atenção igual dada a times do interior, como eles, até os grandes, como o Santos. “Não mudamos a postura em relação aos times. Quando estravámos em campo, todos pensavam em fazer o melhor para conquistar aquela partida”, frisa.
Agora, ele diz que já houve procura e sondagens de outros clubes, mas seu contrato com o time de Itu vai até dia 31 de dezembro de 2014.

Pênalti

“A preparação foi tranquila, treinei pênalti no sábado de manhã, às vésperas do jogo, no último treino. Os batedores também treinaram. Eu estava saindo um pouco antes em todos os outros pênaltis (no jogo), e no que eu esperei consegui pegar e ajudar a minha equipe”, conta Vagner que, mesmo por telefone ao Diário do Sudoeste, transmitia muita serenidade, nem parecia ter a euforia de um recém-campeão.

No Sudoeste

Sobre a infância, muito parecida como a de tantos outros meninos que jogam bola nos campinhos do interior. Vagner sempre ajudou os pais à tarde na roça e estudava de manhã. No tempo livre, muito chutes na parede dos fundos da casa. “Parecia uma peneira de tanta bola que a gente chutava (ri).”
Na comunidade da Gruta, onde morava, jogava em pequenos campeonatos e torneios, sempre como goleiro, brincando: “sempre fui preguiçoso pra correr”, brinca.

Ele ainda tem os irmãos Eduardo e Éverton – garante que são melhores de bola do que ele - e Diandra, a caçula. Os pais, Osmar e Neli, esta semana estão em Itu com Vagner, aproveitando o pouco momento que o filho tem de descanso. No dia a dia, quem está ao lado dele é Tamires, sua esposa, com a qual ainda não tem filhos, mas já está nos planos.