Família supera barreira da falta de visão

Geral
Pato Branco | 20/01/2017 | 08:07

Informações e foto: Marcilei Rossi/Diário do Sudoeste

O último censo realizado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, apontou que 6,5 milhões de brasileiros possuem deficiência visual, sendo 582 mil cegos e seis milhões com baixa visão.
Quando o levantamento foi feito, os irmãos Herick, 5 anos, e Arthur, 2 anos, não faziam parte das estatísticas do governo, apenas seus pais, Patrícia Monteiro e Rafael Celestrin, hoje com 26 e 28 anos, respectivamente. A história de união dos quatro vai muito além dos laços afetivos e sanguíneos.

Cegos, após terem vivido parte da infância e da adolescência com problemas de visão, mas enxergando, Patrícia (perdeu a visão completamente aos 9 anos) e Rafael (perda total de visão aos 13 anos), travam há dois anos uma luta diária para garantir que os filhos tenham condições de visão, mas acima de tudo, autonomia e independência.

Crianças ativas, como as demais de suas idades, os dois irmãos hoje convivem com óculos para garantir o pouco de visão que ainda têm. Porém, uma doença hereditária, a Vítreo Retinopatia Exsudativa Familiar, vem diariamente colocando barreiras aos dois irmãos.

Mesmo antes de ser diagnosticado com a doença hereditária, em 2016, um especialista de Pato Branco, que identificou que Herick (o irmão mais velho) estava com problemas no fundo do olho e com vasos dilatados, sendo necessário o tratamento com laser. Por não haver tratamento com laser no município, a família buscou especialistas em outros estados, o que os levou a Porto Alegre (RS).

Segundo o casal, somente no ano passado, foram pelo menos cinco viagens ao Rio Grande do Sul, para consultas e procedimentos clínicos dos meninos. Contudo, no fim do ano, em caráter de emergência e com agravamento no quadro clínico de Arthur (irmão mais novo), o casal buscou auxílio médico em Curitiba, uma vez que o médico que acompanha o caso dos irmãos está fora do país.

Em Curitiba, Arthur foi submetido a novos procedimentos, que já este ano foram avaliados pelos médicos que realizaram a cirurgia, porém, com o diagnóstico de que precisa de uma nova intervenção. Assim, na rotina de viagens, em busca de melhores condições para os filhos, no próximo dia 1º, Patrícia e Rafael retornam a Curitiba e no dia 10 para Porto Alegre para novas consultas.

Dificuldades

A rotina de viagens para tratamento e até mesmo a manutenção das despesas (mensalidade de plano de saúde – modalidade participativa, medicamentos e óculos para os meninos) faz com que a família precise constantemente da ajuda de familiares e da comunidade.

Com apenas Rafael trabalhando, a renda mensal bruta da família é de cerca de R$ 2,2 mil, no entanto, somente em cada viagem para tratamento em Curitiba em passagem, a despesa é de R$ 600, já para Porto Alegre o custo de passagem é de R$ 500 por viagem.

Para as viagens que já estão programadas, em dezembro a família organizou uma rifa, que vem sendo vendida por amigos, que até o momento arrecadou R$ 1,250 mil, valor que se acredita não cobrir as despesas do plano de saúde referente ao mês de dezembro, quando os irmãos precisaram de tratamento em Curitiba.

Segundo Patrícia, o casal já entrou em contato com o Ministério Público Estadual, com o Federal, com a Defensoria Pública e a única saída que recebeu foi o encaminhamento pelo SUS e esperar na fila da saúde pública o atendimento. “Nós não temos tempo para isso. Hoje eles podem estar bem, e num movimento mais rápido da cabeça eles podem descolar a retina."

Ajuda

O casal também vem disponibilizando duas contas poupanças na Caixa Econômica Federal para doações.
Os interessados podem fazer doações na agência 0602, conta poupança 1277809 em nome de Patrícia Veridiana Monteiro, ou na agência 2864, conta poupança 24851 em nome da Rafael Celestrin.