Gelson Merísio também aparece em delação da Lava Jato

Política
Florianópolis | 13/04/2017 | 19:36

Informações: Atual FM
Foto: Divulgação

O governador Raimundo Colombo (PSD) e homens de sua confiança teriam pedido um total de R$ 17,1 milhões em doações não contabilizadas (caixa 2) para representantes da Odebrecht entre 2010 e 2015. O destino dos valores seria campanhas de Colombo e de outros candidatos da cúpula do PSD catarinense, de acordo com os relatos de colaboração premiada de dois ex-executivos da Odebrecht Ambiental, braço de saneamento da construtora.

O resultado das delações, feitas através da operação Lava-Jato, foi encaminhado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, para análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido à prerrogativa de foro de Raimundo Colombo.

O governador catarinense teria pedido dinheiro em diversas oportunidades para campanhas próprias e de outros candidatos do PSD nas eleições de 2010, 2012 e 2014, de acordo com a íntegra das petições liberadas pelo STF com trechos das delações de ex-diretores da Odebrecht. Os documentos disponibilizados na tarde de quarta-feira (11) revelam que, além dos ex-secretários José Carlos Oneda e Ênio Branco, os deputados estaduais pessedistas Gelson Merisio e José Nei Ascari, e o atual secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Cesar Souza Júnior, são citados pelos ex-diretores da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis e Paulo Roberto Welzel.

Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, delatou que teria sido procurado em 2010 por Ênio Branco para pedir doações de campanha para Colombo, que era senador e iria pleitear a vaga no Executivo estadual. De acordo com Fernando, Ênio pediu que as contribuições fossem “não contabilizadas”, pois Colombo “disse preferir não ter a empresa como doadora oficial”.

No relato de Paulo Welzel, um encontro teria ocorrido entre ele, Fernando Reis, Raimundo Colombo e Ênio Branco em “meados de 2010” na sala VIP do banco HSBC do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde o futuro governador teria pedido dinheiro para a campanha: “Ao final da reunião, Raimundo Colombo requereu a Fernando Cunha Reis contribuição a sua campanha eleitoral no valor de R$ 2 milhões”.

O apoio fora do alcance da Justiça Eleitoral estaria relacionado à intenção de privatizar a Casan, com provável interesse de participação da Odebrecht Ambiental. Os delatores narram as etapas da negociação, que incluíram mudanças na legislação propostas pelo Executivo para viabilizar a venda de ações da concessionária de saneamento. No entanto, o baixo valor de mercado esfriou o negócio nos anos seguintes.

O assunto foi retomado em 2014 e, ao que indica Fernando, encerrado em agosto de 2015, quando ele foi convidado a ir à Casa d’Agronômica, “já após a prisão dos executivos da Odebrecht”. Na ocasião, ele conta na delação: “Manifestei que possivelmente a Odebrecht Ambiental já não teria condições de investir R$ 400 milhões na Casan”.

Nos relatos de colaboração premiada, os ex-diretores ainda mencionaram pedidos de dinheiro feitos por Ênio Branco e Antônio Gavazzoni para as eleições de 2012, em apoio ao candidato prefeitura de Florianópolis, Cesar Souza Junior, e em 2014 para campanhas dos deputados Gelson Merisio, apelidado de “Cunhado”, e José Nei Ascari, chamado de “Herdeiro”. Todos são do PSD. (Informações do Diário Catarinense)

Nota oficial

Os deputados estaduais Gelson Merisio e José Nei Ascari informam que não existem sobre eles quaisquer procedimentos investigativos instaurados, em qualquer esfera do poder judiciário, relativo aos fatos da lava-jato.

Em razão do recesso de Páscoa que impossibilita a obtenção dos documentos necessários nesta data, apresentarão no decorrer da próxima semana todos os documentos oficiais que comprovam a inexistência de qualquer procedimento investigativo.

O Governo do Estado também se manifestou na noite de quarta-feira (12), reafirmando que não fez qualquer negócio ou fechou qualquer contrato com a Odebrecht e que a empreiteira não participou de nenhuma licitação desde o início do atual governo, em 2011. Destaca que todos os citados na delação ainda não tiveram acesso aos documentos liberados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, nesta quarta-feira (12) e que, em momento e fórum oportuno estarão, como sempre estiveram, à disposição da Justiça para todos os esclarecimentos que forem solicitados.