Transporte público coletivo volta a ser tema de discussão no Legislativo

Política
São Lourenço do Oeste | 04/11/2015 | 10:38

Autor e foto: Marcelo Coan

Apesar de a grande maioria concordar que o transporte público coletivo é importante para a cidade, os valores apresentados na audiência pública realizada no início de novembro não agradaram representantes dos trabalhadores e empresários. Alguns alegam que o custo vai dobrar, já que hoje é pago em torno de R$ 1,30 por passagem e a previsão é que no novo sistema custe R$ 2,65.

Insatisfeitos com o valor e com a forma com que o projeto foi construído, alguns empresários participaram da sessão ordinária da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste desta terça-feira (3). Representando o grupo presente, Alberi Valmir da Silva, sócio da AP Embalagens, usou o espaço da tribuna popular e expôs algumas questões. Além de deixar claro que o valor proposto dificilmente será absorvido pelas empresas, o empresário sugere, por exemplo, que haja a redução do número de veículos. Disse também que no parque industrial Efaislo tem em torno de 14 empresas e os itinerários apresentados na audiência não atendem as necessidades delas. Segundo o empresário, para ser viável o valor da passagem não poderia passar de R$ 2.

Valmir Luiz Maboni (PT), líder do governo da Câmara, disse que a mobilização em torno do assunto é válida. Contudo, falou que na audiência pública a administração explicou que se trata de um experimento. “Durante o percurso ele [projeto] pode sofrer adaptações”, disse ele afirmando que o estudo apresentado é baseado em casos e dados concretos. “É claro, os empresários e trabalhadores estão preocupados com eles, mas nós temos que pensar também que existe toda uma população lourenciana que está clamando pela implantação do transporte coletivo”. ‘

Apesar de o líder do governo afirmar que há a aclamação por parte da sociedade, Everton Bauer, diretor técnico da Bauer Engenharia – empresa responsável pela execução do estudo – explicou no dia da audiência que o projeto levou em conta as demandas dos polos geradores, ou seja, as indústrias do município.

Sobre o valor, Maboni defende que como haverá a concorrência no trâmite licitatório, o valor pode cair. “Eu vejo que é um assunto reivindicado a muito tempo e que a administração atual vai colocar em prática. Precisamos dar nossa contribuição, mas sem polemizar”, sugere.

Para o presidente da Associação Empresarial de São Lourenço do Oeste (Acislo), Jandir Bortoluzzi – que participou da sessão junto com outros diretores da entidade e empresários associados –, a discussão foi produtiva, já que existe a preocupação em ouvir os interessados de fato. “No meu ver, se não existir uma integração o sistema não flui”, disse ele lembrando que dois diretores da associação estão envolvidos na pasta que discute o projeto, entretanto, no dia da audiência havia a realização de um evento tradicional que impossibilitou a participação de ambos. “Oficializamos com antecedência o secretário sobre o evento, mas a data da audiência não foi alterada”, lamentou.

Em resumo, Bortoluzzi falou que os encaminhamentos feitos na sessão desta terça-feira abrem o leque para uma discussão que pode trazer resultados positivos. “Nós temos que entender o tamanho e o porte de São Lourenço do Oeste para depois desenvolver os projetos”, alerta.

Comissão

De forma unânime, os vereadores da Casa de Leis aprovaram o projeto de resolução, de autoria do vereador Alex Cleidir Tardetti (PMDB), que prevê a criação de uma comissão especial para discutir a questão do transporte público coletivo.

Segundo o proponente, a comunidade tem o interesse pelo sistema, entretanto não é viável apenas pela vontade da população. “A gente tem percebido que o Executivo não tem se manifestado para despolarizar as informações”, disse o vereador afirmando que a comissão será montada com a finalidade de criar um elo entre empresas, trabalhadores e governo municipal. A ideia é colaborar para o ajuste de valores e horários. “É uma comissão que tem 60 dias – podendo ser prorrogado –, mas que vai ter muito debate e trabalho”, disse ele adiantando que vai ser uma das poucas comissões que não vai ter fins políticos, já que se trata de uma questão de viabilidade.

Fazem parte da comissão três vereadores: Tardetti pelo PMDB, Agustinho Assis Menegatti pelo PSDB e Maboni pelo PT, que também representará o PP. Também devem fazer parte dois representantes do setor empresarial, que serão indicados pela Acislo, dois representantes dos trabalhadores, indicados pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias na Construção Civil e Mobiliário (Sinticom) de São Lourenço do Oeste e dois representantes do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran).