Informações: Jornal de Beltrão
Foto: Fernando Rodrigo Treco
Segundo estimativas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras, de Minas Gerais, mais de 475 milhões de animais silvestres são atropelados nas rodovias do Brasil a cada ano. Morrem aproximadamente 430 milhões de pequenos animais, como sapos, aves e cobras, 40 milhões de animais de médio porte, como gambás, lebres e macacos, e cinco milhões de animais de grande porte, caso de onças-pintadas, lobos-guarás, onças-pardas, antas e capivaras. Isso significa que se perde 15 animais por segundo devido a colisões com automóveis. A questão é alarmante e causa um impacto direto na conservação da biodiversidade do país.
"O problema é muito grave e acontece por uma série de razões, entre elas, a negligência do motorista, que muitas vezes ultrapassa a velocidade permitida, ou ainda atropela por fatores culturais, de superstição, por exemplo", afirma Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (IPÊ). A pesquisadora ainda relata que, em alguns casos, pequenas medidas podem fazer a diferença para solucionar o problema.
O número é assustador em todo o Brasil. Na região Sudoeste do Paraná, a Universidade Paranaense (Unipar), por meio do curso de Ciências Biológicas e sob coordenação do professor Fernando Rodrigo Treco, vem desenvolvendo um projeto de iniciação científica para averiguar e monitorar a morte de animais em que a causa principal é o atropelamento.
No ano passado, o monitoramento contemplou um trecho das rodovias PR-483 e PR-180, localizado no entorno de Francisco Beltrão (PR), e também na rodovia BR-158, que liga os municípios de Vitorino (PR e São Lourenço do Oeste (SC). Para este ano, a turma iniciou o acompanhamento de mais um trecho, com 30 quilômetros de extensão, na rodovia BR-280, entre Marmeleiro (PR) e Vitorino.
"Pretendemos realizar um ano de monitoramento nessas rodovias buscando identificar qual espécie animal e qual a região possuem a maior incidência de atropelamento. Com estas respostas, pretendemos propor medidas que buscam a diminuição do atropelamento destes animais nas rodovias do Sudoeste do Paraná", comenta o professor Treco.
A pesquisa foi realizada parcialmente e os resultados preliminares já foram apresentados em alguns congressos. Porém, em novembro, os alunos participarão do 4º Road Ecology Brazil e primeiro Congresso Iberoamericano de Biodiversidade e Estrutura Viária, que vai acontecer em Lavras, Minas Gerais. "Este evento será muito importante para os nossos acadêmicos, uma vez que eles poderão trocar informações com outros pesquisadores do Brasil e outros países sobre a ecologia de estradas, além de contribuir com a comunidade científica, apresentando dados de atropelamento de fauna na região", finaliza.