Acusada de matar grávida para roubar bebê conta detalhes do crime; julgamento foi nesta quarta

Policial
Canelinha (SC) | 24/11/2021 | 19:47

Informações: G1SC
Foto: Ministério Público

O julgamento da acusada de matar uma grávida para roubar a bebê do ventre dela em Canelinha (SC) começou por volta das 8h40 desta quarta-feira (24), na Câmara Municipal de Tijucas (SC). O caso ocorreu em 27 de agosto do ano passado e, desde então, a ré permanece detida. Em depoimento no julgamento, conforme o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), ela relatou como planejou o crime.

A mulher responde por feminicídio, tentativa de homicídio, ocultação de cadáver, parto suposto, subtração de incapaz e fraude processual. Ela simulava uma gravidez falsa para a família e amigos, segundo o MPSC.

Tarde de julgamento

A ré começou a ser ouvida por volta das 17h20. Segundo o MPSC, ela disse à Justiça que pesquisou na internet sobre parto e gravidez, para simular os sintomas. Também disse como planejou o crime, com o chá de bebê surpresa para a emboscada. Afirmou ainda que o lugar do ataque foi escolhido por estar abandonado e ter tijolos para atingir a cabeça da vítima.

Ao ser interrogada, em seguida, pelo MPSC, a ré disse que estudou pelo celular como tirar o bebê do ventre da mãe e se disse "capacitada" para fazer o que fez. Ela também foi questionada pelas próprias advogadas de defesa. A elas, segundo o MPSC, disse que matou a vítima para retirar a neném da barriga dela e que se arrependeu do crime após ser presa.

Às 17h, foi ouvida a única testemunha da defesa, através de videoconferência, já que a pessoa estava em São Paulo. Ele substituiu o irmão da ré, que não pôde comparecer porque está com suspeita de Covid-19.

Por volta das 16h20, haviam sido ouvidas todas as testemunhas de acusação. De acordo com o MPSC, a sessão foi suspensa em seguida para a definição sobre a possível substituição da única testemunha de defesa, o irmão da ré.

Às 15h, o julgamento foi retomado após uma pausa para o almoço. Começou a ser ouvida a quarta testemunha, uma amiga da vítima. Pouco antes das 16h, iniciou-se o depoimento do viúva da grávida assassinada.

Até o início da tarde, três testemunhas tinham sido ouvidas. A primeira foi um policial civil que atendeu o caso logo após a Polícia Militar. Em seguida, foi ouvido um médico que atendeu a ré. A terceira testemunhas também é um médico que avaliou a acusado. Depois, foi feita uma pausa para o almoço. No total, oito testemunhas serão ouvidas.

Família

Do lado de fora da Câmara, por volta das 8h, amigos e familiares da vítima vestiam camisetas com o rosto da vítima e seguravam um cartaz com a frase: "Os dias passam lentos, as horas machucam como espinhos, mas temos forças e confiamos na chegada da justiça".

Crime

A mulher confessou à polícia ter matado a professora de 24 anos, que estava no oitavo mês de gravidez, para ficar com a criança. Em depoimento, ela também admitiu ter planejado tudo sozinha. O caso foi descoberto um dia após a gestante desaparecer ao sair com a acusada para um suposto chá de bebê surpresa.

Segundo as investigações da Polícia Civil, a professora grávida morreu em uma cerâmica abandonada. Ela foi golpeada diversas vezes na cabeça com um bloco de barro, ficou desacordada, teve a barriga cortada por um estilete e a bebê que gerava foi retirada do ventre. O laudo da perícia apontou que a vítima morreu em decorrência da uma hemorragia.

A mulher denunciada pelo MPSC e a vítima se conheciam. No dia do crime, a acusada escondeu o corpo em um forno de uma cerâmica da cidade que tem 12,3 mil habitantes.

Em seguida, a acusada se encontrou com o companheiro, que naquele momento acreditava que a mulher estava grávida. Os dois foram até o Hospital de Canelinha, informaram que a bebê deles tinha nascido e que o parto havia sido feito em via pública.

A equipe do hospital que atendeu o caso percebeu que as informações eram controversas e acionou a Polícia Militar. A Polícia Civil instaurou um inquérito e passou a investigar o caso.

Companheiro absolvido

Além da acusada, o companheiro dela foi preso suspeito do crime. Porém, o homem foi solto em 7 de outubro de 2020. Em 27 de julho de 2021, a Justiça catarinense o absolveu. Segundo o promotor que cuida do caso, Alexandre Carrinho Muniz, o companheiro da acusada não sabia sobre o plano de matar a professora e nem de que a própria companheira simulava uma gravidez. Portanto, não tinha qualquer envolvimento com o crime.