Autor: Angela Maria Curioletti
Foto: Maya Diaz
O que Raquel Puska e Adenir Brocco tem em comum? Bom, além de trabalharem na mesma empresa, ambos estão deixando o vício do cigarro para trás. Assim como eles, a parcela da população brasileira acima de 18 anos que fuma caiu 20% nos últimos seis anos, de acordo com dados inéditos do Ministério da Saúde. A pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) aponta que 12% da população brasileira fuma, enquanto que em 2006 o índice era de 15%.
Apesar da queda, a frequência maior permanece entre os homens: o número passou de 19% (2006) para 15% (2012). Entre as mulheres o índice caiu de 12% (2006) para 9% (2012). Ontem foi comemorado no país o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
“A queda do número de fumantes no país comprova que o Ministério da Saúde, em parceria com a sociedade, está no caminho certo ao investir em ações de prevenção e controle e também na oferta de tratamento para os fumantes. Estamos investindo cada vez mais na formulação de políticas públicas que promovam, continuamente, a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”, completa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Outro bom motivo para comemorar é a redução na frequência de fumantes passivos no domicílio, que passou de 12% para 10% em 2012, conforme mostra a pesquisa. Também houve diminuição de fumantes passivos no local de trabalho. O índice passou de 12% para 10%. E continua em queda a frequência de homens que fumam 20 ou mais cigarros por dia 6% para 5%.
Em relação ao número de adultos fumantes por cidade, o levantamento mostra que a capital com a maior concentração é Porto Alegre (RS) com 18%, que também detém a maior proporção de pessoas que fumam 20 cigarros ou mais por dia (7%). Já a capital com o menor índice é Salvador (BA), onde 6% da população adulta diz ser fumante.
Bons exemplos
Os colegas Raquel e Brocco fumam há 12 anos, mas seguem sistemas diferentes para largar o cigarro. Ele segue incentivado por ter melhor qualidade de vida pessoal e por seus filhos, Mariana, 9 anos, e Pedro Henrique, 1 ano e 4 meses, que “pegam no seu pé”. Para ele, os resultados positivos já começam a aparecer, mesmo estando há apenas 40 dias longe do vício. As dores musculares diminuíram e a comida passou a ficar mais saborosa, tudo porque o paladar está mais aguçado.
Já Raquel entrou no Programa Nacional de Controle ao Tabagismo, do SUS. Através de uma unidade de saúde em Pato Branco, ela encontrou tratamento através dos adesivos de nicotina. A vontade de parar de fumar veio há muito tempo, mas o vício sempre falava mais alto. Em 20 dias no programa, Raquel diminuiu e muito a quantidade de cigarro. "Cerca de 80% dos fumantes desejam parar, mas apenas 3% conseguem realmente abandonar o vício. Além disso, é considerado ex-fumante a pessoa que fica um ano sem fumar”, explica o cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, João Ferreira Marques.
Mortalidade
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável. Marques esclarece que, quem abandona o vício antes dos 30 anos, consegue reestabelecer o organismo a ponto de parecer que nunca fumou. Para ele, muitas vezes o fumante espera ter um problema de saúde para decidir parar de fumar e acrescenta que a proibição de fumar em locais fechados fez com que muitos fumantes se sentissem incomodados em ter que deixar o ambiente de amigos para fumar, fazendo com que pensem em deixar o vício.
Segundo pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), entre 1989 e 2010 um em cada três brasileiros deixou de fumar devido à entrada em vigor das medidas que restringiram a propaganda de cigarros na televisão e em veículos de comunicação de massa.