Cerveja ao gosto do Sudoeste do Paraná

Geral
Palmas | 29/10/2013 | 14:29

Autor: Angela Maria Curioletti
Colaboração: Marcilei Rossi/Diário do Sudoeste

Uma cidade conhecida pela pesca da truta e usina eólica, além de ter um dos invernos mais rigorosos do estado do Paraná. Economicamente rural, tendo como base a pecuária, Palmas tornou-se conhecida nos estados vizinhos, e até além deles, por estas atrações. Dentro dessa realidade, um grupo de amigos enxergou além e viu um potencial ainda maior, onde resolveu apostar suas fichas num novo negócio, audacioso talvez: a fabricação de cerveja.

O motivo da permanência em Palmas é simples: o bairrismo. Todos têm um grupo de amigos que se reúne sempre para fazer aquele churrasco acompanhado de uma boa cerveja, certo? No caso deste grupo foi o contrário: a cerveja passou a ser mais importante. “Começou de uma brincadeira, produzindo cerveja caseira para consumo próprio”, diz Pedro Reis Filho, um dos idealizadores.

A brincadeira começou a ficar séria e hoje a Cervejaria Insana é conhecida nacionalmente por seu sabor. “Depois de anos na produção caseira, começamos a ver que a nossa cerveja tinha uma qualidade diferenciada, e que, por isso, poderíamos estar expandindo como uma empresa. Foi quando buscamos parcerias para montarmos a industrialização”, explica Reis Filho.

Os produtos “insanos” já estão no mercado, um trabalho que começou há cinco anos, mas que somente em fevereiro deste ano foi posto definitivamente em prática. “Somos cinco sócios hoje, mas os três que iniciaram o projeto na época da cerveja na panela ainda integram a sociedade”, comenta Reis Filho, ressaltando que todos são de Palmas.

E quem disse que todos já eram exímios cervejeiros? Reis Filho é o único que ficou dentro da cervejaria, tratou de passar a administração de seu mercado à outra pessoa e dedica-se somente a cerveja Insana. Os outros sócios trabalham com fabricação de compensados ou caixa de papelão. “Ao longo do caminho, fomos absorvidos [fase final do projeto] pela Cantu, que entrou com a parte de distribuição”, explica o idealizador, que ressalta que uma pessoa fica responsável pela parte laboratorial e estrutura química.

Qual o estilo?

Pelo nome já dá para ter uma noção que o grupo não segue nenhuma linha específica. Não há estilo de produção, de lei de pureza, nem tão pouco estilo alemão, inglês ou europeu, o grupo simplesmente produz cerveja. Para os sócios, o foco sempre foi a qualidade, e lembram-se da cerveja feita com trigo – Weizen —, que tem característica alemã até no modelo de garrafa.

Em contrapartida, a Chocolate Porter segue o estilo inglês, notado também no estilo do envasamento. Já a Gold não se enquadra em algo definido. “Até brincamos que é o estilo brasileiro de produzir cerveja, uma vez que ela não tem padrão nenhum (risos). Criamos essa receita buscando uma cerveja para nós, para um dia quente, como são as tardes brasileiras”, garante Reis Filho.

Osnimar Orben Gesser é o mestre cervejeiro da empresa e conta que o grupo busca um sabor diferente. “Em si, hoje, agradar ao paladar de todos é muito difícil, quase impossível. Nosso objetivo quando vamos criar uma receita é chegar a um determinado sabor, a um determinado aroma e, junto com isso, o equilíbrio. Uma cerveja equilibrada se torna mais fácil de conseguir beber”, salienta.

Logística

“Nossa maior dificuldade hoje são os impostos. Não é visível, mas está presente”, explica Reis Filhos ao se referir sobre a principal dificuldade no negócio. As garrafas são de São Paulo, os rótulos de Santa Catarina e a matéria prima do Rio Grande do Sul e do Paraná.

Certificação do Mapa

“No nosso caso foi um projeto rápido. Tínhamos um projeto já avaliado, que passou por alguns ajustes, mas mesmo assim foi uma aprovação bastante rápida”, diz o idealizador, contando que o grupo faz parte da Associação de Microcervejarias do Paraná (Procerva-PR). O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) fez um acordo com a associação este ano e ficou combinado que aprovaria qualquer produto em menos de três meses.

Comercialização

A capacidade da Cervejaria Insana está em aproximadamente 100 mil garrafas, mas a pretensão é chegar em 2014 com o dobro deste número. A empresa tem centros de distribuição em Pernambuco, Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, mas todos os Estados brasileiros já recebem Insana.

Meta a curto prazo

A projeção do grupo é ver a marca entre as cinco maiores cervejarias do Brasil daqui a cinco anos, mas, em dois, entre as cinco maiores do Paraná. “Somos um pouco insanos, é um projeto audacioso, mas felizmente estamos conseguindo alcançar nossos objetivos”, garante Reis Filho, explicando que os sócios não acreditavam tanto no próprio potencial, mas sabiam da qualidade do produto.

Novidades em breve

Mostrando que são realmente do sudoeste do Paraná, os “insanos” querem uma cerveja a base de pinhão. O lançamento será em abril ou maio de 2014 e a cerveja terá 8% de teor alcoólico, voltada propositalmente para o inverno.
Sobre uma possível cerveja sem álcool, os sócios garantem que estão estudando, além de uma sem glúten. Eles acreditam que a sem álcool é mais viável, mas veem o projeto para daqui cinco anos.