Deputado João Rodrigues se diz vítima de jovem acusado de estelionato

Geral
Santa Catarina | 11/07/2017 | 08:00

Informações e foto: G1

O deputado federal João Rodrigues (PSD-SC) denunciou à Polícia Civil nesta segunda-feira (10) que o estudante Thales Câncio Carvalho, 26 anos, preso suspeito de estelionato em Goiânia, lhe causou um prejuízo de R$ 30 mil. O jovem também tentou dar um golpe no cantor Eduardo Costa.

De acordo com o deputado, Thales Carvalho se apresentou como Thales Ferraz, sobrenome de uma família tradicional do Pará. Eles se conheceram há cerca de um ano durante um jantar com outros políticos, que ele preferiu não identificar. "Esse menino entrou na nossa vida pela forma carismática. No meio de vários deputados surge ele, se dizendo filho de um grande produtor rural do Pará, se dizendo uma pessoa muito bem relacionada, mostrando vídeos, fotos, algo que impressiona qualquer cidadão", disse após prestar depoimento no 8º Distrito Policial de Goiânia.

O deputado explicou que negociou a compra de embriões com o jovem que totalizaram R$ 70 mil. Porém, ele entregou só parte do combinado. "Ele nos propôs uma parceria muito produtiva, que qualquer grande produtor propõe a qualquer parceiro. Fizemos um investimento de R$ 70 mil em animais e outros R$ 12 mil em despesas. Acabamos rompendo essa sociedade ao descobrirmos que Thales era uma grande farsa", explicou.
Além do golpe na negociação, segundo o parlamentar, Thales se apresentava como genro dele para possíveis vítimas em Goiás, apesar de nunca ter se relacionado com a filha dele.

O delegado Alessandro Tadeu de Carvalho, responsável pelo caso, explicou que o depoimento colhido do deputado e os documentos trazidos por ele a Goiás serão remetidos para a Polícia Civil de Santa Catarina, visto que o crime aconteceu no outro Estado.

Além disso, a partir do que o parlamentar relatou, o delegado intimará um homem que se apresentou como vítima a depor novamente. "A pessoa que ele disse que o recebeu aqui em Goiás será intimada a responder se era ou não sócia do Thales. [Esse suposto sócio] se apresentou como vítima e disse ter perdido R$ 350 mil", explicou.

Prisão

Thales foi detido no dia 5 de julho em uma academia de ginástica de Goiânia. Segundo a polícia, o jovem se passava por um pecuarista bem-sucedido, fechava vários negócios, mas não honrava os pagamentos. Ele dizia ainda ser uma pessoa influente e ostentava nas redes sociais, postando fotos em jatos particulares, carros caros e ao lado de pessoas importantes.

Em nota enviada ao G1, a assessoria de imprensa de Eduardo Costa confirmou que "Thales se apresentou como um possível comprador de um imóvel do cantor", mas não houve acordo pois o jovem "não honrou com a proposta que havia aceito". Após isso, conforme o combinado, não houve mais nenhum tipo de contato com ele.

O empresário e sócio do cantor Eduardo Costa, Gustavo Caeta, revelou detalhes da negociação com o estudante. De acordo com ele, o rapaz de 26 anos, que se apresentava como Thales Ferraz, se mostrou interessado em comprar uma casa do sertanejo no valor de R$ 5 milhões, localizada em um condomínio fechado da capital. Gustavo foi quem intermediou a negociação. Thales acenou com o pagamento em um prazo determinado, o que não ocorreu. Diante disso, o acordo não foi fechado.

Golpes

Segundo o delegado, Thales pode ter causado prejuízo de até R$ 10 milhões às vítimas. Ele também é suspeito de fazer dívida no nome de outras pessoas.

Além dele obter o dinheiro, ter a vantagem indevida para ele, ainda colocava a pessoa como devedora, então os credores iam atrás e pressionavam a vítima para receber”, esclareceu em entrevista à TV Anhanguera.
Ainda conforme o delegado, o preso alegou que tem distúrbio de bipolaridade e negou algumas das acusações.

Na delegacia há oito inquéritos contra Thales - todos por estelionato. Depois que o caso veio à tona, outras três pessoas também procuraram a polícia se dizendo vítimas do rapaz.

O advogado Félix Ferreira representa uma das vítimas e disse que seu cliente foi lesado em R$ 500 mil. Segundo ele, o suspeito enganava as pessoas com várias promessas. “Ele ludibriava suas vítimas e levava elas a acreditar que estavam fazendo investimentos milionários, investimentos que poderiam mudar a vida dessas vítimas”, afirmou.

O advogado Marcelo Bareato acompanhou Thales no momento da prisão do jovem e disse que o suspeito negou os crimes atribuídos a ele. Porém, o defensor deixou o caso e o G1 tenta localizar a defesa de Thales. A Defensoria Pública do Estado de Goiás informou que se o jovem "não tiver condições de pagar um advogado, vai patrocinar a sua defesa, cumprindo seu papel constitucional, garantindo-lhe a defesa, dentro do que prevê a Constituição Federal, seguindo o princípio de ampla defesa e do contraditório".