Especial Colono e Motorista: De pai para filho

Geral
São Lourenço do Oeste | 25/07/2015 | 16:34

Autor e foto: Marcelo Coan

Eles trabalham mais nos fins de semana, feriados, período de férias ou festividades. Quando são chamados, se apresentam de terno e gravata. São verdadeiros executivos, pois dirigem, literalmente, um grande capital. Sem contar, é claro, a responsabilidade, já que transportam vidas cujo valor é incalculável. O escritório deles é numa cabine, onde no máximo cabem outras duas poltronas. Na grande maioria das vezes o mate é o principal companheiro. O cliente pode se dar ao luxo de dormir, curtir um filme ou tomar uma cerveja com os amigos. Estamos falando dos motoristas de ônibus que cortam Estados e até mesmo o país para proporcionar o prazer de encontros ou momentos de lazer.

De cara parece uma tarefa fácil e prazerosa, já que estão constantemente na praia ou conhecendo lugares diferentes, contudo, a realidade é outra. O dia a dia reserva surpresas que as vezes não agradam. Assaltos, acidentes e péssimas condições de rodovias fazem com que alguns profissionais pensem duas vezes antes de pegar a estrada novamente. Entretanto, para quem tem no sangue o gosto pela estrada, isso é encarado apenas como um dia ruim. Esse é o caso do motorista e proprietário de uma empresa de transporte Dilmar Bauer. Já são 21 anos experiência, 19 deles como motorista de ônibus. Os outros quatro foram como motorista de caminhão. Hoje ele faz viagens longas com um ônibus Double Decker com capacidade para 54 pessoas.

“Isso vem de família. Meu pai se aposentou como motorista de ônibus e nós seguimos na atividade”, disse Bauer lembrando que não há uma viagem igual a outra, pois sempre existem pessoas novas e situações diferentes. Apesar de todo esse tempo na estrada, a única coisa negativa que ele lembra foi um assalto no ano de 1993. “Estava indo para Foz do Iguaçu. Levava o pessoal para fazer compra no Paraguai”, recorda.

Embora existam fatos negativos, Bauer garante que no geral o trabalho é prazeroso. Ele conta que faz viagens para os mais variados destinos, porém, as que marcam mais são as com destino a Aparecida, em São Paulo. O motorista explica que por ser um lugar religioso, o público transparece a fé.

Outro destino destacado por Bauer é o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). Segundo ele, são em torno de 30 a 32 horas de viagem. É nesses locais que o motorista procura renovar a fé, que inclusive está presente em todas as viagens. “Antes de sair a gente passa as orientações técnicas do veículo, mas no final faz uma oração pedindo proteção”.

Amizades

Devido ao tempo na estrada, Bauer diz que já fez muitas amizades. Além de criar relacionamentos com grupos de viagens de toda a região, ele conta que acaba estreitando os laços com aqueles que coordenam os pontos turísticos. “O pessoal já chama pelo nome”.

Dificuldade

Segundo Bauer, quem está no trecho sabe que a dificuldade maior hoje são as condições das rodovias. “Muitos trechos estão sucateados, cheio de buracos. Nos bons de andar o pedágio castiga”, disse ele explicando que numa viagem para Aparecida, por exemplo, o gasto com pedágio gira em torno de R$ 700.

Difícil também é a questão familiar. Contudo, como o trabalho aumenta justamente no fim do ano, quando há férias coletivas e dos colégios, feriados e festividades, o motorista explica que procura encaixar a viagem da família. “Nesse momento o trabalho vira lazer”.