Especial Colono e Motorista: Na terra e na estrada

Geral
São Lourenço do Oeste | 25/07/2015 | 16:24

Autor e foto: Angela Maria Curioletti

Com 44 anos de idade, Neuri Dall’Agnol comanda, ao lado do pai Sildo e da mãe Deuride, uma propriedade de 50 hectares, onde o carro-chefe é a produção leiteira. Com a ajuda de um casal de caseiros, são 35 mil litros produzidos todo o mês. Mas, o agricultor nem sempre quis este destino. Assim como muitos jovens, na adolescência também procurou outros rumos na curiosidade de descobrir coisas novas.

Nascido e criado na comunidade de São João, interior de São Lourenço do Oeste, aos 18 anos Neuri partiu para Cuiabá (MT) onde teve um pequeno restaurante, “uma experiência curta”, como ele mesmo diz e que durou dois meses. Com os pais em idade mais avançada, os irmãos casados, Neuri ainda solteiro decidiu voltar. Mas, com 26 anos, resolveu trabalhar como motorista, profissão que também abandou pelo amor a terra.

Para ele, com o tempo as coisas mudam e o pensamento é outro: a família. Com mulher e filhos, na agricultura a dificuldade é a rotina, mas a tecnologia de hoje ajuda, máquinas modernas e o trabalho fica melhor, “diferente do trabalho braçal que meu pai fazia”. Neuri acrescenta que a produção leiteira exige ainda mais que a cultura de grãos, por exemplo, explicando assim o porquê que muitas pessoas acabam abandonando o trabalhando e tentando outras profissões, nos centros das cidades.

Filho motorista

Alex, 23 anos, começou a viajar com 20 anos e atualmente transportava móveis. O filho de Neuri abriu mão de ser motorista nesta semana por razões pessoais. Ele confirma que a curiosidade, citada pelo pai, foi uma das motivações que o levou a seguir os rumos da estrada. “Não queria ficar somente aqui (propriedade), ter a mesma rotina. Queria conhecer lugares e pessoas diferentes”, conta o jovem que chegou a ir até o Tocantins.

Depois de um tempo, as coisas começam a ficar diferentes. Alex cita o aumento no número de assaltos, que gera medo e a incerteza de seguir viagem. Mesmo nunca tendo passado por isso, ele conta que colegas já foram assaltados, inclusive da mesma empresa. Além disso, os hábitos mudam, afinal o motorista passa muitos dias fora, “vive em função do caminhão”. Os jogos de bola e as festas do fim de semana acabaram ficando de lado para que Alex seguisse na profissão de motorista.

Aproximação

Agora namorando, esta foi uma das motivações de Alex para voltar a trabalhar ao lado do pai. Juntos novamente, ambos citam a rentabilidade como fator positivo em uma propriedade. Mas, Neuri alerta para a “modernidade”, dizendo que tanto a pequena quanto a grande propriedade precisa andar de acordo com as novas tecnologias. “Quem não for a favor disso vai ficar para trás”, diz.