Famoso parque brasileiro fecha as portas depois de muitos altos e baixos

Geral
São Paulo | 12/05/2017 | 19:40

Informações: Exame
Foto: Divulgação

Quando o investidor José Luiz Abdalla comprou 75% das ações do Hopi Hari, em dezembro, a esperança do retorno do parque aos tempos de bonança reacendeu. Além de um negócio com um plano de recuperação judicial em aprovação, ele assumiu uma empresa com uma dívida de R$ 700 milhões com credores e funcionários.

Os planos do empresário do setor imobiliário eram grandiosos: colocar as finanças do parque nos eixos, renovar sua imagem e capitalizar o negócio, a fim de transformá-lo em um grande complexo hoteleiro, além da parte de diversão.

Hoje, no entanto, o Hopi Hari anunciou que fechará as portas para “tomar fôlego e voltar com toda força”, segundo jornais da região de Campinas. Por meio de comunicado, o parque esclarece os motivos de tal decisão, sem definir uma data de reabertura.

Durante a pausa, a intenção do empresário, ainda segundo o empresário, é buscar novos investidores que podem ter sido afastado das negociações depois das publicações de notícias negativas sobre a empresa.

Histórico arrepiante

Inaugurado há pouco mais de 15 anos, o ambicioso projeto de um grupo de fundos de pensão nunca decolou.

A construção do parque na cidade de Vinhedo, interior paulista, consumiu 200 milhões de dólares, num investimento conjunto da GP, maior gestora de fundos do país, e de quatro fundos de pensão – Previ, Funcef, Petros e Sistel.

O intuito era reproduzir no negócio a fórmula de sucesso do Magic Kingdom, do complexo americano da Walt Disney Company, na Flórida – e angariar parte dos 300 mil brasileiros que viajavam todos os anos para o parque da Disney. Ou seja, atrair visitantes de alta renda para um parque temático e sofisticado. Porém, o parque nunca conseguiu o feito.

O faturamento projetado de R$ 200 milhões por ano jamais se concretizou. No seu melhor desempenho, em 2008, o parque recebeu 1,8 milhão de turistas e faturou R$ 70 milhões. A dívida, que chegava a R$ 500 milhões, não permitia que os controladores fizessem mais investimentos, nem se desfizessem do negócio, previsto para dar lucro em 18 meses.

A solução foi passar os negócios para a consultoria Íntegra. A empresa pagou um centavo de real por cada lote de 100 mil ações e assumiu o equivalente a 180 milhões de reais em dívidas, estima o mercado. De imediato, a nova dona teve de fazer um investimento de R$ 10 milhões no caixa da empresa, com o intuito de aumentar o número de visitantes. Mas os investimentos não pararam por aí.

A situação degringolou depois da morte de uma adolescente, que caiu de uma das atrações, em fevereiro de 2012. Pouco tempo antes, o Hopi Hari havia fechado uma parceria com a Warner, com estimados R$ 100 milhões envolvidos. Eram tempos de otimismo, em que o parque pretendia inaugurar, em maio, uma montanha-russa avaliada em R$ 12 milhões. Os esforços, claro, não deram certo.

Em agosto de 2016, o Hopi Hari entrou com pedido de recuperação judicial, aprovado em outubro. Dois meses depois, o acionista majoritário até então, Luciano Correa, vendeu 75% das ações da controladora indireta do parque, a HH Participações, para Abdalla.

“Nosso sonho continua. Temos saudades das filas gigantescas, das crianças correndo, dos romances iniciados em Mistieri, e dos tênis molhados no Spleshi”, diz o empresário no comunicado à imprensa de hoje. Nós também, Abdalla.