Informações e foto: Epagri
Um grupo de pesquisadores liderados pelo entomologista da Epagri, Leandro do Prado Ribeiro, identificou em Santa Catarina uma nova praga que infesta pastagens de grama-bermuda, especialmente o cultivar Jiggs. Trata-se da mosca-da-grama-bermuda Atherigona, espécie até então não relatada na América do Sul.
A praga, encontrada em abril de 2015 em pastagens de Abelardo Luz, Chapecó, Palmitos e Videira, foi analisada, inicialmente, no Laboratório de Entomologia do Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (Cepaf) da Epagri, em Chapecó. Com base em características morfológicas e análises moleculares, ela foi identificada pelos pesquisadores da Epagri com a colaboração do professor Claudio de Carvalho, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e da professora Kirsten Lica Haseyama, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo Leandro, esse inseto ocorre em diversos países do hemisfério Oriental e da região da Australásia. Em 2010 foi detectado no Sul da Geórgia, nos Estados Unidos e, mais recentemente, foi encontrado no Sul do México. “Embora a porcentagem de perfilhos danificados seja variável de acordo com o cultivar, a praga causou uma diminuição média de 7,7% da biomassa seca total de diferentes cultivares Cynodon e perdas significativas na qualidade da forragem produzida em estudos conduzidos nos Estados Unidos”, conta. No entanto, Leandro ressalta que o inseto tem maior preferência pelo cultivar Jiggs em virtude de características morfológicas estruturais da planta que favorecem o desenvolvimento da praga.
Os cultivares de pastagem atacados pela mosca-da-grama-bermuda são amplamente utilizados em todas as regiões de Santa Catarina por conta de sua produtividade e adaptação às condições de clima e solo do Estado. Estima-se que cultivares de grama-bermuda sejam utilizados em pelo menos 70% das propriedades produtoras de leite do Estado.
De acordo com Leandro, a hipótese mais provável é que a praga tenha entrado no Estado com a importação de mudas de pastagens. Em visitas a outras regiões catarinenses, o pesquisador identificou que o inseto já está espalhado no território barriga-verde. “É cedo para dizer quais serão os efeitos dessa praga no Estado. Ela pode se alastrar e causar prejuízos ou ter inimigos naturais que vão ajudar a contê-la”, explica.
A próxima etapa, que envolve a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é monitorar a praga para avaliar sua dispersão e seu estabelecimento em Santa Catarina e, então, estudar a necessidade de adotar de estratégias de contenção e controle.