Padaria em São Lourenço do Oeste é uma história que ultrapassa gerações

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São Lourenço do Oeste (SC) | 02/03/2021 | 19:15

Autor e fotos: Angela Maria Curioletti/Portal Minutta

Uma empresa familiar que, há mais de cinco décadas, garante o pão na mesa de muitas famílias. O endereço é o mesmo nestes mais de 50 anos: a rua Prefeito Zeno Germano Etges, no Centro de São Lourenço do Oeste (SC).

Começou com seu José (em memória), que passou os ensinamentos aos filhos e, agora, chega nas mãos da terceira geração com o neto.

A família Bittencourt é natural do litoral de Santa Catarina e chegou ao Noroeste catarinense na década de 60 quando a cidade se concentrava em poucas ruas, o comércio não era variado e todos se conheciam. O casal José e Vitalina (em memória), que já trabalhavam com panificação no litoral, escolheram a nova cidade para viver e investir. O pão, principal produto da empresa, ficou conhecido na região e logo a pequena padaria começou a atender também outros comércios.

Pedro, um dos filhos de José, conta com carinho como o pai iniciou a padaria, o processo de construção do forno e o produto inteiramente artesanal. “Nós começamos quando ainda não tinha energia elétrica”, lembra Pedro, acrescentando que o pai trouxe consigo do litoral um cilindro que precisava ser acionado “no braço”. 

Pedro e Ana são os filhos que acabaram tocando o negócio e fizeram muitos produtos para outras empresas comercializarem. Chegaram também algumas oportunidades para ampliação do negócio, algo que a família sempre ignorou. “Nunca fui ambicioso”, diz Pedro, justificando que puxou ao pai e sempre trabalhou para ter conforto e conseguir dar aos filhos o que precisavam. Os três filhos de Pedro e a filha de Ana cursaram faculdade e a maioria seguiu outro caminho.

Terceira geração

Pedro revela que sempre apostou no filho mais novo para assumir os negócios, pela proximidade dele na padaria. Porém, a surpresa veio quando o mais velho, Eduardo, pediu para aprender o ofício. 

Eduardo deixou o serviço público há dois anos. “Sempre tive isso na cabeça, o negócio familiar. Foi uma coisa que sempre me chamou”. Além disso, Eduardo revela que pra ele acaba sendo também o pagamento de uma dívida. “Eu gosto do ofício e não poderia ver a história se perder. Só quem esteve perto do meu pai sabe o quanto ele trabalhou e se dedicou pelo negócio”, frisa.

Para Eduardo, a decisão de trocar a estabilidade do serviço público chegou no momento em que percebeu que ainda era tempo de aprender tudo o que o pai poderia ensinar. Uma das coisas mais especiais para ele é poder ver Pedro fazendo o pão exatamente como aprendeu com o pai José.
Apesar das dificuldades, como acordar de madrugada e não ter fins de semana livre, Eduardo diz que o contato com as pessoas, o afeto e o sorriso delas faz a diferença. “O final é gratificante.”