SC é líder em estelionatos virtuais no Brasil, entenda

Geral
Santa Catarina | 28/07/2025 | 10:16

Informações: NSC
Foto:

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que Santa Catarina registrou 72.834 casos de estelionato virtual no último ano, seguindo como o estado com o maior número absoluto desse tipo de crime no país. O número representa um aumento de 9,5% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 65.445 ocorrências.

Além disso, Santa Catarina possui a maior taxa de estelionatos virtuais por 100 mil habitantes do Brasil: 903,8, quase cinco vezes acima da média nacional (200,6). O Estado também ocupa a quarta posição em taxa geral de estelionatos (incluindo os não virtuais), com 1.306,9 casos por 100 mil habitantes – atrás apenas do Distrito Federal (1.681,3), São Paulo (1.744,0) e Paraná (1.339,5).

De acordo com o delegado Paulo Hakim, responsável pela Delegacia de Combate a Estelionatos da Capital, o ambiente virtual se tornou fértil para criminosos. "Há uma migração de criminosos do ambiente físico para o digital, motivada por uma percepção de maior lucratividade e menor risco, tanto de exposição quanto de prisão, em comparação com os delitos tradicionais", diz.

Segundo Carlos Roberto Moratelli, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) especialista em segurança de dados, a alta conectividade e infraestrutura digital também contribuem para o número de casos no Estado.

"Santa Catarina está entre os estados com os melhores indicadores sociais e alto PIB per capita, o que normalmente se traduz em maior penetração digital e uso de serviços online. Quanto mais pessoas conectadas, mais oportunidades para golpes", pontua.

O especialista também pontua que Santa Catarina tem efetividade na detecção e registro desses casos. "Órgãos como Procon e Polícia Civil têm intensificado campanhas de alerta sobre golpes, de bilhetes premiados falsos a cobranças indevidas, o que pode fazer com que mais pessoas denunciem, elevando as estatísticas. Já em outros estados, pode haver subnotificação. Por exemplo, São Paulo não diferencia crimes virtuais dos comuns em seus registros, dificultando a mensuração precisa da modalidade digital", diz o professor.

Em todo o Brasil, foram registrados 281.206 estelionatos virtuais em 2024, um crescimento de 17% em relação a 2023. Santa Catarina responde sozinha por 25,9% desse total.

Depois de Santa Catarina, o segundo colocado em números absolutos é Minas Gerais, com 53.911 casos, seguido por Mato Grosso (21.016). Em termos de taxa por 100 mil habitantes, Rondônia (435,1) e Espírito Santo (488,3) aparecem logo após o Estado.

Segundo o professor Carlos Roberto Moratelli, o fenômeno está diretamente relacionado à inclusão digital. "Cada vez mais pessoas têm acesso à internet, mas muitas não possuem preparo suficiente para identificar e lidar com golpes digitais. Antes, para cometer um crime, o criminoso precisava ir às ruas; hoje, com o imenso número de potenciais vítimas online, surge o criminoso “home office”, que pratica delitos sem sair de casa."

Conheça os principais crimes virtuais

- Phishing e golpes bancários: o setor financeiro (incluindo Pix) e as fintechs são os principais alvos. Fraudes por engenharia social, usando mensagens falsas, tornaram-se mais sofisticadas com o uso de IA generativa — incluindo deepfakes e simulações de voz para enganar vítimas.
- Ransomware e sequestro de dados: cresce o número de ataques em que criminosos invadem sistemas e sequestram dados, atingindo inclusive órgãos públicos e grandes empresas.
Crimes digitais contra menores: abuso sexual infantil online e cyberbullying entre crianças e adolescentes também apresentam aumento significativo.
- Ataques a serviços de telecomunicações e nuvem: empresas de telecom, governo, educação e saúde têm sido alvo de brechas exploradas com apoio de IA e das novas redes 5G.