Servidores públicos de Beltrão paralisam serviços e cobram plano de cargos e salários

Política
Francisco Beltrão | 22/08/2013 | 23:33

Autor: Marcelo Coan
Foto: Reprodução/facebook Sindisem

Embora as discussões não sejam recentes, ontem o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Francisco Beltrão (Sindisem), organizou a paralisação dos serviços administrativos da prefeitura. Durante o dia todo, cerca de 1.300 servidores da área administrativa não exerceram atividades e cobraram a aprovação do plano de cargos e salários indicado pelo sindicato.

Segundo o presidente do Sindisem, José Carlos Knipcoff, ao comparar Beltrão com outros municípios do mesmo porte como Pato Branco, a folha de pagamento dos servidores está abaixo, mesmo tendo servidores a mais. “Teoricamente teríamos que ter uma remuneração mais ou menos similar ao pessoal de Pato Branco, mas nós temos uma defasagem de mais de 50%”, disse ele, ao fazer o comparativo entre as duas municipalidades.

Knipcoff disse ainda que durante dois anos o sindicato fez estudos e simulações para chegar a uma proposta de plano de cargos e salários. Depois de pronto, a proposta foi submetida a uma comissão de análise do município. “Para poder passar nesta comissão, a gente reduziu 10% da nossa reivindicação e, mesmo assim, o prefeito não aceitou”, reclamou ele, acrescentando que a gestor elaborou um novo plano que, no entendimento do sindicato, foge dos anseios dos servidores públicos municipais.

Conforme o presidente do sindicato, cerca de 95% dos servidores que atuam na área administrativa participaram da paralisação. Apenas os serviços considerados essenciais foram mantidos.

Antonio Cantelmo Neto disse que no ano passado, durante a campanha eleitoral, foi dito que haveria a estruturação do plano de cargos e salários. Na avaliação do gestor, se estão acontecendo reivindicações é porque houve abertura da administração.

Neto também lembrou que no início do ano foi montada uma comissão para avaliar a proposta apresentada pelo sindicato. “A gente entendeu que a proposta era muito comprometedora para o orçamento do município”, disse, explicando que na sequência a administração apresentou uma contraproposta — entregue aos servidores na última semana —, mas que foi vista como incompatível.

Paralisação
Knipcoff explicou que a paralisação acontecerá em duas etapas. Uma delas que aconteceu ontem durante o dia todo. Já a outra deve acontecer na segunda-feira (26), caso a proposta — que deve ser apresentada pelo município hoje, às 13h30 — não seja aceita. Hoje, conforme o acordo entre o sindicato e a administração, todos os servidores voltam ao trabalho normalmente.

Para o Executivo municipal, a paralisação é um movimento legítimo, onde os servidores procuram as conquistas dentro do plano de cargos e salários. O prefeito disse que existe o compromisso para que a proposta seja encaminhada para o Legislativo até o próximo dia 30 de agosto. “Estamos tentando construir a proposta, mas, depois de construída, depende da aprovação da Câmara”.

Conversas
Na tentativa de chegar ao entendimento, ontem pela manhã representantes dos servidores públicos municipais estiveram reunidos com o prefeito em duas oportunidades. Segundo o presidente do sindicato, na primeira conversa houve troca de “farpas”, contudo na segunda reunião a conversa foi produtiva.
De acordo com Knipcoff, na segunda reunião o prefeito sinalizou que, das cinco reivindicações feitas pelo sindicato, em três deve haver posicionamento favorável.

Cantelmo Neto disse que as conversas de ontem resultaram em alguns acordos, entre eles o de que a prefeitura não irá descontar o dia de trabalho em que os servidores fizeram a paralisação e que, em contrapartida, hoje todos devem retornar os trabalhos. “As conversar aconteceram, estamos fazendo simulações do comprometimento da receita do município frente à folha de pagamento”, falou. Ele garantiu que a administração busca um equilíbrio entre o que os servidores querem e o que a municipalidade entende que é possível atender.

Embora as primeiras conversar tenham tido um bom encaminhamento, o sindicato já notificou a administração que, se não houver um entendimento, os servidores entrarão em greve.

Impacto financeiro
No ano passado, de acordo com o prefeito e o presidente do sindicato, os gastos com a folha de pagamento do município ficaram na casa dos 42%. No caso da aprovação da proposta formatada pelo sindicato, Knipcoff garante que o gasto não deve passar da casa dos 45,45%. Já na avaliação do prefeito, se houver a aplicação do plano sugerido pelos servidores públicos municipais, a folha deve chegar a 49%, muito próximo do limite prudencial previsto em lei de 51%.

Mesmo que a proposta dos servidores fuja do que o município entende como possível, Neto disse que tecnicamente é importante que ocorra um reajuste, pois os indicadores administrativos apontam que existe uma rotatividade grande de servidores públicos em Beltrão. Segundo ele, no primeiro semestre, entre aposentados e que pediram demissão, foram 81 servidores. “Estamos com um índice de rotatividade de pessoas muito alto no quadro e isto é fruto de baixo pagamento e outros aspectos que precisam ser considerados”, resumiu ele.

Histórico
Segundo Knipcoff, a reivindicação para que o município aprove um plano de cargos e salários não é de hoje. Ele lembra que em 2000 houve uma paralisação. Além disso, há cerca de dois anos — na administração passada — havia um projeto de um plano de cargos e salários que estava para ser votado pela Câmara Municipal, mas, ao compreender que não atendia as necessidades, a categoria dos servidores públicos municipais forçou a retirada do projeto.